21/04/2010

Contos de Zés

1

O Zé do Pinote foi um sujeito encontrado num puteiro meia-boca da cidade, onde um amigo meu entrou para apreciar a paisagem enquanto bebia uma cerveja após longa jornada de trabalho. Uma das garotas simpáticas que ali trabalhava sentou-se em uma cadeira de sua mesa, perguntando-lhe se queria companhia e, tendo confirmação, informou-lhe ser necessário que ele pagasse uma dose de Uísque. Ele concordou, imaginando os dez quilômetros que teria de andar até chegar a sua casa, mas o sacrifício valia a pena.
Após certo tempo chegou o personagem e, permitido por ambos, sentou-se junto à mesa. Passadas quase duas horas de conversa proveitosa e agradável, tendo o sujeito pago mais três garrafas de cerveja e uma dose de Uísque para outra moça simpática que ali chegara, meu amigo sugeriu-lhe pagar pequeno valor que havia pechinchado com uma das profissionais para que esta oferecesse seu serviço aos dois em um quarto que havia no estabelecimento.
Ouvindo a proposta o sujeito levantou-se com dificuldade pelo excesso de bebida e com a voz arrastada de embriagado falou:

- Cês...Tão qquerendo...ingambelá eu...

E saiu num pinote cambaleante porta afora até perder-se de vista. E eis o porquê do apelido.

2

Em outra ocasião esse mesmo amigo, a quem atribuirei o pseudônimo Careca, na intenção de comprar DVD`s de boa qualidade a baixo custo, uniu-se a conhecido seu para juntos buscarem em cidade vizinha os produtos desejados. Partindo da Rodoviária da cidade de origem, chegaram ao destino final após hora e meia, tendo pegado um circular para tanto.
Encontrada a banca com prévia indicação, o acompanhante de Careca perguntou ao vendedor:

- Quanto custa o DVD?
- Três por dez.
- Três por dez? Mas o que é que eu vou fazer com três DVD`s iguais? Tá me tirando?

E saiu, irritado, dando as costas ao vendedor, que nada entendeu da reação do sujeito esquisito. O episódio rendeu-lhe o vulgo “Zé Três por Dez”.

3

Certo dia, ao conversar com Careca, este me contou que um conhecido seu, chamado Marco, havia lhe contado o seguinte ocorrido:
Tendo ido ao cinema na última sessão assistir um filme que há tempos sentia vontade e, após longo mês de trabalho duro, conseguir o dinheiro para tanto, voltava caminhando para sua casa distante uns cinco quilômetros com a carteira ainda repleta das notas com as quais pagaria as dívidas no dia seguinte. Passava da meia-noite e o movimento na cidade era escasso. Uma noite de quinta-feira. Chegando próximo a um ponto de ônibus onde três sujeitos encontravam-se sentados, fato que o intrigou levando-o a pensar se os três não sabiam não haver circulares no horário, chegando a sentir pena dos indivíduos, foi abordado por eles que anunciaram um assalto. Se reagisse levaria uma surra. Não sabia se estavam armados e poderia levar mais que uma surra. Os três o haviam cercado e correr não daria. O pensamento da possibilidade de perder todo seu dinheiro levou-o a fingir que estava passando mal. Um dos sujeitos pediu que tivesse calma e perguntou se ele estava bem.
- Eu... tenho...epilepsia. – disse Marco com a mão no peito, simulando o início de um ataque.
- Calma, calma, senta aqui no banco. – disse outro e, no momento de bobeira, abriram espaço aproveitado por Marco para correr para a avenida onde, providencialmente, o semáforo encontrava-se vermelho e alguns carros aguardavam o sinal verde.
- Socorro, socorro, um assalto, tô sendo assaltado! – gritava Marco desesperado, pedindo ajuda a um motorista parado.
- Corre prá longe. – respondeu.
E ele correu até o bingo que se encontrava aberto, do outro lado da avenida, relatando o ocorrido ao segurança que o aconselhou a esperar a saída da perua que levaria os jogadores até suas casas. Ganhou a carona e não perdeu o dinheiro. Nunca mais foi ao cinema na última sessão. Nunca mais fingiu um ataque e ficou conhecido como “Zé Epilético”, sem ter epilepsia.

Um comentário:

Anônimo disse...

uhasuhauhsauhsuahsa,

amei *-*


amo vocÊ ♥