Poesia 3
Distinção dos cortes
Nessas horas surge,
se faz num disco que não tenho,
e sua voz me ensina sem palavras
e som o que se encontra...
Além daqueles dias
estão os dias antes dos dias,
e as lições que não foram ditas:
- Nem tudo é sorriso quando o espelho embaça,
por trás da neblina encontra-se a lama.
O rosto nem sempre sorri por trás da máscara.
E é assim a solidão:
nunca está só.
Ainda sem a clareza total
de um dia que um dia nasce
se escuta a voz:
- Nem tudo é tristeza quando o espelho embaça,
Escondem a criança os gritos de dor.
Nem todos os cortes são para a morte.
E se ouviu o que permanecerá.
Apenas um segundo e tudo se esclarece:
O ontem morreu,
o agora vive e
o amanhã nascerá.
Poesia 4
O que não se evita
Caçamos as dores,
e suas presas eram afiadas.
E soluçamos e nossos olhos lacrimejaram.
Caçamos as dores
com intenção de matá-las,
mas não tinham fim.
Caçaram as dores
meus ancestrais, e foram
derrotados.
Caçamos as dores e seremos também.
E em todo fim de tarde
sinto a umidade desses olhos no espelho,
e as marcas de uma vida de pedra.
Caço as dores.
Sou sua caça.
29/04/2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário